domingo, 7 de agosto de 2016

O dia em que eu me amei

Sempre gostei de receber massagem, receber carinho. Aquela sensação de conforto, acompanhada do clássico arrepio na coluna vertebral que relaxa até a imaginação. O engraçado é: nunca tinha me dado conta que poderia massagear a mim mesma. Me auto curar, me auto relaxar, me auto amar.

Até que, num sábado à noite solitário, depois de um ótimo dia solitário, senti vontade de curtir um som. Era quase meia noite, eu não sentia sono, e fazia tempo que não comia (fiquei preocupada com isso), mas não sentia fome. Coloquei meu som favorito do momento, desliguei a luz, deitei na cama. Fechava os olhos, abria. Virava de um lado, virava doutro. Queria não pensar – como faço sempre quando deito na cama – queria só curtir o som. Nessa vontade, acabei tendo o raciocínio do porque gosto das músicas que gosto (bem interessante por sinal).
Tentando desesperadamente curtir o som comecei a regular minha respiração, dando toda atenção ao meu diafragma. Deitei de barriga para cima, flutuei um pouco nas reviravoltas da música. Midnight Mushrumps é estonteante. Vinha um pensamento, tentava ouvir meus batimentos. Respirava mais fundo. Por que é tão difícil relaxar?
Aí veio a ideia genial: como seria bom uma massagem facial agora. E eu não tenho duas mãos? E eu não estou a deriva aqui nessa cama? Por que eu não faço isso? E fiz. E foi bom. E foi muito bom. Eu sabia o que eu queria; eu sabia onde queria. Poder controlar a intensidade e a periodicidade dos movimentos me deixava numa satisfação animadora. Começou a doer o meu braço – eu já estava bem dolorida no dia, pois viajei no dia anterior – então levantei, peguei o creme de massagem que estava no banheiro, fiz massagem no braço. Fiz massagem no outro braço. E o som continuava.
Acariciei meus ombros, que, tadinhos, estavam tensíssimos. Tive aqueles arrepios na dorsal que pareciam soltar do tecido aos ossos. Às vezes eu “travava” (complicado descrever sentimentos: sentia numa fração de segundo, e vou demorar um parágrafo pra explicar). Parecia que por ser eu fazendo, perdia a graça. Não era tão bom. Era a droga de pensamento me invadindo, e eu tinha que fazer barricadas mentais pra não me deixar levar. Era um vaivém louco, rápido, instantâneo. Ainda bem que tinha o som. Chegava num reboliço confuso que eu só pensava: “PARA! Olha ali, o som ta ali, curtir o som. Curtir o som. Curtir. O. Som.” as vezes funcionava bem, as vezes não. De qualquer forma consegui me acalmar, consegui me curtir. E, ah!, como é bom poder se curtir.

Nenhum comentário:

Postar um comentário