Sempre
gostei de receber massagem, receber carinho. Aquela sensação de conforto,
acompanhada do clássico arrepio na coluna vertebral que relaxa até a
imaginação. O engraçado é: nunca tinha me dado conta que poderia massagear a
mim mesma. Me auto curar, me auto relaxar, me auto amar.
Até que,
num sábado à noite solitário, depois de um ótimo dia solitário, senti vontade
de curtir um som. Era quase meia noite, eu não sentia sono, e fazia tempo que
não comia (fiquei preocupada com isso), mas não sentia fome. Coloquei meu som
favorito do momento, desliguei a luz, deitei na cama. Fechava os olhos, abria.
Virava de um lado, virava doutro. Queria não pensar – como faço sempre quando
deito na cama – queria só curtir o som. Nessa vontade, acabei tendo o raciocínio
do porque gosto das músicas que gosto (bem interessante por sinal).
Tentando
desesperadamente curtir o som comecei a regular minha respiração, dando toda
atenção ao meu diafragma. Deitei de barriga para cima, flutuei um pouco nas
reviravoltas da música. Midnight Mushrumps é estonteante. Vinha um pensamento,
tentava ouvir meus batimentos. Respirava mais fundo. Por que é tão difícil
relaxar?
Aí veio a
ideia genial: como seria bom uma massagem facial agora. E eu não tenho duas
mãos? E eu não estou a deriva aqui nessa cama? Por que eu não faço isso? E fiz.
E foi bom. E foi muito bom. Eu sabia o que eu queria; eu sabia onde queria.
Poder controlar a intensidade e a periodicidade dos movimentos me deixava numa
satisfação animadora. Começou a doer o meu braço – eu já estava bem dolorida no
dia, pois viajei no dia anterior – então levantei, peguei o creme de massagem
que estava no banheiro, fiz massagem no braço. Fiz massagem no outro braço. E o
som continuava.
Acariciei
meus ombros, que, tadinhos, estavam tensíssimos. Tive aqueles arrepios na
dorsal que pareciam soltar do tecido aos ossos. Às vezes eu “travava”
(complicado descrever sentimentos: sentia numa fração de segundo, e vou demorar
um parágrafo pra explicar). Parecia que por ser eu fazendo, perdia a graça. Não
era tão bom. Era a droga de pensamento me invadindo, e eu tinha que fazer
barricadas mentais pra não me deixar levar. Era um vaivém louco, rápido,
instantâneo. Ainda bem que tinha o som. Chegava num reboliço confuso que eu só
pensava: “PARA! Olha ali, o som ta ali, curtir o som. Curtir o som. Curtir. O.
Som.” as vezes funcionava bem, as vezes não. De qualquer forma consegui me
acalmar, consegui me curtir. E, ah!, como é bom poder se curtir.
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