quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Catástrofe Existencial

Véu do dia, do Sagaranna, é encantador.

Quando os olhos do presente
Fitam os olhos do passado
Tudo volta novamente
Tudo envolta fica errado
Que a lembrança muitas vezes
Seja lá de quantos meses
Traz consigo um inimigo
Se o futuro é mau destino
O passado é traço fino
Do presente mais antigo

Entre vídeos do Greg News sobre Mudança Climática e dicas de nutrição da Vanessa Blaad acontecem algumas reviravoltas em mim. Como lidar com as inquietudes que vêm lá do futuro, com os hábitos daninhos às vezes tão difíceis de perceber... Com as responsabilidades sociais e com as responsabilidades pessoais ao mesmo tempo?

Vi um post no Facebook, naquele modelo provocativo de texto breve, tentando explicar a depressão dos jovens atualmente. Dentre o desemprego, a falta de sentido da vida e as violências de cada dia me chamou atenção a (já comumente referida) "liquidez" de tudo. Note meu cuidado pra não entrar com o termo "real".

É um "tudo" sobre "tudo" que consome o tempo. O espaço, nas suas angustiantes rugosidades, acumula a tristeza do sentido perdido. Começo a ver o vazio eterno entre esses espaços infinitos nas esquinas, nos olhares, nos passos apressados e na lua que contemplo sozinha a cada vez que saio de casa.

É um caos na cabeça. Começo a perceber padrões, novamente, e não consigo decifrá-los nessa frágil expressão linguística... Talvez a narrativa realmente (e olha aqui, o real) seja uma ponte para acessarmos o místico interior e o inefável real exterior - simultaneamente (se é que em algum momento foi separável).

Entre os dois infinitos, a curiosa criação dessa essência... Personne, do Pascal.

O nada e o silêncio. Ah! Que crise!

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Consegue me ouvir?

Parece um bloqueio entre partes de mim
quanto mais espesso o muro
mais me perco no tempo
mais me esqueço

Eu... Não consigo definir o que quero
porque aí teria de reagir
e como é difícil assumir
que só deito e... espero

Eu gosto dessa sobriedade
dessas comidas, da água
da companhia.
E, mesmo assim...
Ressoa em mim
A vontade de fugir

Fugir de mim?

Fantasmas

A música disse "Remember when you broke your foot from jumping out the second floor?", e algo em mim estremeceu. Eu já tinha percebido a repetição.

Ontem estava conversando com as meninas sobre como eu reinterpreto meus pais atualmente. Antes achava que a inércia, o contentar-se com a realidade que se apresenta era parte ignorância, e parte falta de esperança. Achava que, pela idade talvez, não conseguissem enxergar os horizontes que eu enxergava. Hoje eu entendo isso um pouco melhor.

Não recordo de momento algum que "O homem perante a natureza", do Pascal, tenha feito tanto sentido pra mim. Na eterna busca de significação, a existência humana se perde nos dois infinitos. E do que adianta? Qual o propósito? Os gatos, o jardim. Os filhotes. Almejar as coisas pessoais hoje é o que me movimenta.

A revolução social cada vez mais se apaga dentro de mim. A revolução interna cada vez mais se distancia de mim. O que tenho me tornado?

Desilusão... Desilusão, canta eu, canta você, na dança da solidão...

Solidão interna, desse silêncio todo que me atordoa, solidão externa, desse vazio infinito numa resposta que não ecoa pelos confins do vácuo que nos circunda.

Parece que o que meus pais fizeram se justifica. Não em relação à juízo de valor, mas no que diz respeito aos infinitos que nos circundam. Olhar até onde se consegue, em algum momento olhar um pouco mais, e a cada vez ter pesadas correntes que te prendem à uma realidade irreparável... Realmente te prendem.

E que delírio, essa existência ser portal de expressão da alma, e prisão do potencial que essa alma tem.

No fim, sempre volto a um lugar comum. Que me dou conta que não conheço. Não consigo aceitar a angústia. Como a depressão é daninha.