quinta-feira, 24 de junho de 2021

Perdão

Tanto mudou.

Qual o sentido da constante? Eu sei que ela está ali. Eu sinto. Apesar de qualquer pesar tem... suspiros? Olhares, pensamentos que me trazem de volta pra cá. Pra essa urgência de algo que não sei o que é. A constante... af

Consegui atingir vários dos objetivos que estipulei pra mim mesma, e, ainda assim, agora me assola essa insônia nada silenciosa.

E o silêncio... ah. Ele traz coisas que eu não quero ouvir. Que não quero lembrar. Essa coisa toda material nunca me bastou. Por que, então, nas minhas listas de planos é disso que eu falo? Por que meus objetivos destoam tanto daquilo que minha alma anseia?

E qual é o tamanho da tolice em falar de alma? Em tocar de novo nessa poesia interna, turva, que se perde em meio a confusão de sentimentos, palavras, memórias...

A criatividade bateu na minha porta esse ano, por um curto período. Uma intuição que é muito específica. Vem acompanhada de um deslumbre da vida (e não é aquela esperança, que você acha que eu tô falando), é um olhar poético não dual: não é sobre ser bom, ou ruim; triste ou feliz. É sobre ser. Uma sensação indescritível de perceber a realidade num leve relapso além de mim, sei lá, como se alguma pecinha do quebra cabeça mudasse e eu visse uma imagem totalmente diferente do que normalmente vejo.

E... sinto falta.. disso... Muita falta.

É tanto medo e ansiedade ao redor de mim agora que faz total sentido essa "sensibilidade" não me visitar. Será que eu posso chamar por ela? Será que... preciso fazer algumas coisas pra ela estar comigo aqui?

Faxina, comida, estudo, jogo. Um cotidiano tão... formal. Quadrado. "Envolto em determinantes que eu já conheço".

É.

Lembro que me encantava com as coisas que destoavam dessa constante externa à mim. Uma borboleta diferente que passasse, uma conversa aleatória que levava à epifanias, uma paisagem que me desse suspiros. A verdade é que o encanto não estava lá - nas coisas, nos lugares, nas pessoas - estava em mim. Sempre esteve em mim. São os desenhos, os poemas, as músicas. Tudo deixado de lado... há tanto tempo... "enferrujando", parece.

Sim. Pode-se dizer que tem circunstâncias factuais/materiais no momento atual que me "prendem" e condizem com essa sensação toda de privação de mim mesma que tenho sentido. Mas esses laços já estão sendo cortados: eu já tenho todas as chaves, as possibilidades, o ambiente e o tempo pra voltar pra mim. O que me impede, então?