sábado, 30 de março de 2019

Estasia

Os dias estão envolto em comodismo. A comida, o sono, o estudo, o lazer... Tudo. Tudo parece estar assentado na zona que me é mais confortável.

Tem sido esparsos (bem esparsos, se comparando há um ciclo solar atrás) os dias em que me perco na inércia sentimental. Aquela inércia que consome minha vontade de viver.

Tem um detalhe.

Esse... detalhe, não sei explicar. Me transborda por vezes. A estasia. A vontade, o sentir... A... fé?

Tenho várias plantinhas no quarto agora. As que estão mais felizes são a begônia e a babosa. É uma sutileza diária que me preenche. É como se sentisse meu coração dar uma, duas batidas mais fortes e elas chegam na boca do meu estômago quase como aquelas famosas borboletas. Difere um pouco só.

As transições do Villa Lobos na Suite Popular Brasileira agora me fazem uma companhia complementar à da Betúnia (a Begônia) e a da babosa. As cordas vibrando chegam até meu estômago também.

Na janela tem tantos vasinhos... Os caixotes com os livros que me encantam, as fotos com meus pais na parede, o colchão macio no chão e as almofadas que minha mãe fez.

Essas pequenas coisas parecem brilhar quando paro pra contempla-las. Essa faísca parece ascender em mim a vontade de cuidar de tudo, de criar mais e mais desses momentos.... Dessas coisas. Ao mesmo tempo que apenas vejo isso tudo quando algo já está aceso em mim.

É o detalhe.

O detalhe que não consigo explicar.

Vem quando eu chamo. Quando eu chamo com o clamor mais sincero, mais puro.

A Gavotta-choro expressa tanto disso...

Essa estasia me deixa criativa. Me deixa animada. Ânima. É como se estivesse mais próxima de algo transcendental. Disposta, apaixonada... Apaixonada por cada respiro, cada canto de passarinho, cada sorriso.

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O eterno retorno
à essa estasia

me traz à memória
o sentido oculto

dessas tantas
entrelinhas

.

Estou querendo aprender Caçador de Mim, do 14 Bis. "And the New Morning", do  Octopussy, pescou minha atenção como tinha saudade que acontecesse. No mais, é bizarro o quão pouco ouvi música nos últimos tempos. Já até passou o tempo que cantava todos os dias "Just the Two of Us",  do Grover Washington, as músicas da Lianne LaHavas no Tiny Desk, ou que ouvia todos os dias o Noturno Reverie.

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Que a loucura permita eu continuar sã, e que a sanidade não consuma meu espírito. Ah! Ah.

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